Empreendedorismo De Palco: O Que Realmente Define Um Negócio De Sucesso?
- ACERVO LEGAL

- 29 de mai.
- 4 min de leitura
Atualizado: 16 de jun.
EM MEIO À BUSCA POR FAMA, VENDAS RÁPIDAS E ELOGIOS, PERMANECEM OS NEGÓCIOS GUIADOS POR MISSÃO, CULTURA SÓLIDA E RESPEITO AO TEMPO — AQUELES QUE NÃO BRILHAM POR UM INSTANTE, MAS DEIXAM LEGADO.
No palco moderno, onde todo mundo quer ser protagonista antes mesmo de ter uma história, filtros, promessas e a obrigação de render posts se misturam a um desejo voraz de viralizar a qualquer custo. É uma realidade fictícia, onde o imediatismo se disfarça de profundidade e o aplauso vale mais do que a construção. Mas será que é nisso que temos moldado nosso conceito de sucesso nos negócios?

Em tempos de integrações entre plataformas com alcance mundial e potencial de viralizar, não há dúvida sobre o impacto que esses canais podem ter para qualquer negócio — não me entenda mal, a internet é ótima em vários sentidos. Mas, por trás dos bastidores — aquelas entradas e saídas discretas do palco, onde o verdadeiro trabalho acontece — a verdade é menos encantada.
Segundo dados do Sebrae, sete em cada dez empresas brasileiras fecham as portas antes de completar um ano. Não por falta de talento — há muitos negócios incríveis sendo criados a todo instante, mas por ausência de tempo, sentido e verdade. Vivemos a era do "parecer" — quando o que sustenta mesmo um negócio não é o palco ou o brilho passageiro, mas sim a força silenciosa dos bastidores, o trabalho invisível, a convicção firme e a dedicação diária que ninguém vê, mas que mantém tudo de pé.
Mas afinal, o que é missão? Não é só uma frase de efeito para pendurar no site ou discurso de venda. É a razão profunda que faz um negócio existir além do lucro — o combustível que mantém a equipe unida quando os resultados tardam, o farol que guia decisões difíceis e o laço invisível que transforma clientes em parceiros, e parceiros em verdadeiros embaixadores da marca. Sem missão, uma empresa vira barco à deriva, vulnerável aos ventos do imediatismo e das modas passageiras.
E essa urgência por sentido não surgiu do nada. No passado, empresa era sinônimo de lucro acima de tudo. Clientes viravam números, funcionários eram mão de obra, e a responsabilidade se limitava a cumprir regras — sem transparência, sem compromisso real com as pessoas.
Essa mentalidade do lucro a qualquer custo gerou problemas profundos: clientes desvalorizados, funcionários tratados como peças descartáveis e uma falta de transparência que cultivava desconfiança e crises internas. Negócios presos a esse modelo sofriam com alta rotatividade, reputação frágil e, no fim, uma conexão fraca com o mercado — que passou a cobrar mais que produtos, exigindo ética, responsabilidade e respeito.
Mas o mundo mudou. O conceito de ESG (Environmental, Social, and Governance) começou a ganhar força no início dos anos 2000. Desde então, medidas como a Agenda 2030 da ONU, adotada oficialmente em setembro de 2015, com seus 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), traçaram um plano global para que governos, empresas e sociedade trabalhem juntos rumo a um futuro mais justo e sustentável até 2030.
No Brasil, e em mercados pelo mundo, essa mudança, especialmente nos pilares Social e Governança, impôs uma nova exigência: empresas hoje precisam ser éticas, transparentes e cuidar das pessoas que fazem parte do seu universo. Nesse novo cenário, o propósito deixa de ser luxo para virar direito — direito do profissional crescer, se reconhecer no que faz e ser feliz fazendo seu trabalho. Não é só sobre vender mais ou crescer rápido: é sobre encontrar sentido na rotina, ter a liberdade de escolha e a segurança de saber que sua dedicação contribui para algo maior que o caixa no final do mês.
Não que dinheiro não seja bom — ele é, e muito. Mas precisa haver algo além, não concorda? Porque o lucro sem sentido é como festa sem convidados: pode até ter brilho, mas falta alma.
Sentido é a base que sustenta a cultura de excelência, o motor que mantém uma equipe unida mesmo nos dias difíceis. É a justiça interna que dá voz a cada colaborador, reconhece seu valor e respeita sua individualidade. Quando a empresa entende seu papel para além do lucro, ela garante o direito à dignidade, à ética e à transparência — pilares que transformam relações de trabalho, internas e externas, em parcerias verdadeiras. Assim, todos deixam de ser números para virar embaixadores da marca, unidos por uma causa.
Mais do que isso: sentido é o alicerce que protege o negócio do imediatismo voraz que domina o mercado. É o tempo investido em construir algo sólido, que atravessa gerações e cria raízes profundas. Porque todo profissional tem o direito de fazer parte de um projeto que valorize sua história, seu esforço e sua vontade de deixar um legado — não apenas um currículo recheado ou um resultado rápido e efêmero.
Negócio de verdade é aquele que respeita e promove esses direitos. Não se trata de seguir modismos ou discursos vazios que buscam reinventar a roda sem propósito, ou aprovar apenas o que está na moda para ganhar aplausos efêmeros. O foco é o respeito profissional genuíno — aquele que valoriza o esforço, a competência, a integridade e, sobretudo, o tempo investido para construir algo sólido, sem espaço para superficialidades ou distrações passageiras.
Sucesso de verdade é isso: a soma da felicidade, do orgulho e do crescimento de todos que fazem parte dele, sem distinções — não essa validação imediata, disfarçada de sucesso, que some com o tempo.
Esse é o verdadeiro palco onde o propósito brilha — longe dos holofotes vazios do empreendedorismo de palco, onde o show é constante, mas a história, de fato, nunca acontece.
E você, cidadão, profissional, empresário ou funcionário — qual a sua definição de sucesso? Onde está gastando seu tempo? Quais são seus propósitos? Porque, no fim, sucesso de verdade não é curtida, aplauso ou status passageiro. É o que você constrói de sólido, o que dura — na sua vida, no seu trabalho, na sua história.


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